It’s not enough to just make plans, plans, and more plans; it’s necessary to rebuild biodiversity in cities.

In the first 14 weeks of 2024, Brazil has recorded 3.1 million probable dengue fever cases and 1,292 deaths. The country’s response has been characterized by government inaction, a limited understanding of the problem, and an unbridled pursuit of profits, creating a chaotic scenario.

JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Awareness campaign to combat dengue in São Gonçalo, in the metropolitan region of Rio de Janeiro.

A recent World Economic Forum article titled ‘Every Decision is a Climate Decision’ highlights a series of concerning global abnormalities. Devastating floods, brutal heatwaves, prolonged droughts, and uncontrollable wildfires marked 2023, becoming increasingly frequent and intense, causing human losses, material damage, and devastating socio-economic impacts.

Biodiversity loss, a direct consequence of human interference, disrupts the environmental balance and generates various material impacts, threatening people’s lives and health. Protecting all living beings on the planet, particularly terrestrial biodiversity in urban areas, is an urgent global task requiring immediate action from governments, businesses, and individuals.

The National Health Council (NHC) recently presented alarming statistics: Brazil faces the worst dengue epidemic in years, with the potential to be deadly. Data from the Pan American Health Organization (PAHO) indicates that Brazil reached 3.1 million probable cases of dengue in the first 14 weeks of 2024, with 1,292 deaths confirmed and 1,875 under investigation.

A complex relationship exists between the destruction of urban biodiversity and climate change. Rising temperatures and extreme weather events like heavy rains create ideal conditions for mosquito reproduction. Uncontrolled urban sprawl with inadequate planning leads to deficiencies in basic sanitation infrastructure, creating breeding grounds for mosquitoes, such as areas with garbage accumulation and poor drainage.

Dealing with future outbreaks and epidemics requires more than public education campaigns and inspections aimed at eliminating mosquito breeding sites. While education is crucial to raise awareness about individual responsibility, rebuilding urban biodiversity is equally vital.

Municipal offices and departments are flooded with a flurry of plans focused on specific solutions, as if drafting them alone guarantees the desired results.

On one hand, these plans demonstrate public officials’ efforts to align with Agenda 2030 goals. However, a glaring gap exists between intention and action regarding urban decarbonization. The inertia of authorities, a limited understanding of the problem, and the relentless pursuit of immediate profits by some sectors create a chaotic scenario. The effectiveness of urban policies and actions gets lost amidst bureaucracy and a lack of commitment, hindering swift and effective responses to socio-environmental changes. Fragmented collaboration between agencies, riddled with conflicting interests and duplicated efforts, leads to delays, wasted resources, and unequal distribution of investments. An integrated and collaborative approach involving all stakeholders is urgently needed to ensure the preservation of urban biodiversity.

The Singapore Biodiversity Index (SI) emerges as a sophisticated tool. By covering 28 analysis categories, the SI can provide a comprehensive view of the state of biodiversity through measurement and monitoring. It also helps formulate effective urban plans and policies, serving as a solid foundation for strategic decisions and targeted actions. This is achieved through data collection, analysis, and utilization.

A critical question remains: How do we measure and monitor the effectiveness of government efforts to recover urban biodiversity and improve a city’s ability to resist, adapt to, and recover from environmental impacts caused by climate change?

From adapting to climate change and building urban resilience to managing natural resources and controlling invasive species, we need metrics and comprehensive data to provide a detailed overview of implemented strategies and policies aimed at improving environmental and climatic conditions. This ultimately protects the health and lives of citizens and contributes to a future with significantly fewer outbreaks and epidemics caused by insects.

By examining public participation, environmental education, and green infrastructure, the index seeks to promote collaboration between public, private, and civil society entities. This collaboration aims to ensure a more sustainable and resilient urban environment for future generations. In addition to the mentioned analysis categories, the urban biodiversity index also addresses topics such as natural habitat conservation, ecological corridor protection, urban agriculture promotion, water recharge area preservation, and mitigating the impacts of urbanization on native fauna and flora.

These additions further expand our understanding of and promote a holistic approach to dealing with the challenges of biodiversity in cities. This, in turn, encourages the implementation of more effective policies and practices for the protection of the urban environment.

Não adianta só fazer planos, planos e mais planos, é preciso reconstruir a biodiversidade nas cidades

Nas 14 primeiras semanas deste ano, Brasil atingiu 3,1 milhões de casos prováveis de dengue e 1.292 mortes; inércia das autoridades, visão limitada do problema e a busca desenfreada por lucros criam um cenário caótico

JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDOFumacê para combate ao mosquito transmissor da dengue no entorno do Hospital Estadual Alberto Torres, em São GonçaloAção de conscientização para o combate à dengue em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro

Matéria recente publicada pelo Worl Economic Forum, intitulada Every Decision is a Climate Decision (Cada Decisão é uma Decisão Climática) destaca uma série de “anormalidades globais” que vem ocorrendo nos últimos anos em todo o planeta. Inundações devastadoras, ondas de calor brutais, secas prolongadas e incêndios florestais descontrolados marcaram o ano de 2023 e tornaram-se cada vez mais frequentes e intensos, causando perdas humanas, danos materiais e impactos socioeconômicos devastadores. Consequência direta da perda de biodiversidade provocada pela interferência humana, o desequilíbrio ambiental gera impactos materiais e riscos diversos à vida e saúde das pessoas. Proteger todas as espécies de seres vivos do planeta ou, ainda, a biodiversidade terrestre, especialmente em áreas urbanas, é uma tarefa urgente, de caráter global, e que requer ação imediata de governos, empresas e pessoas. O Conselho Nacional da Saúde (CNS) apresentou estatísticas, em publicação recente, informando que, em 2024, o Brasil enfrentará a pior epidemia de dengue dos últimos anos. E dengue pode matar.

Dados divulgados pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) apontam que o Brasil atingiu 3,1 milhões de casos prováveis de dengue nas 14 primeiras semanas deste ano e 1.292 mortes causadas pela transmissão do vírus, enquanto 1.875 estão sob investigação. Embora complexa, existe uma relação entre a destruição da biodiversidade urbana e as alterações climáticas. Com o aumento da temperatura e eventos climáticos extremos, como chuvas intensas, criam-se condições mais favoráveis para a reprodução dos mosquitos. O crescimento urbano desordenado, com ausência de planejamento adequado, resulta em precariedade na provisão de infraestrutura de saneamento básico, levando à formação de áreas propícias à proliferação, como locais com acúmulo de lixo e falta de drenagem adequada. Tratar futuros surtos e epidemias que ocorrem nas cidades demanda bem mais do que tentar eliminar o foco do mosquito transmissor por meio de campanhas de educação da população e fiscalização. Embora a educação seja crucial para conscientizar as pessoas sobre sua responsabilidade na redução da proliferação do mosquito, é igualmente vital reconsiderar a importância da reconstrução da biodiversidade nas cidades.

Planos, planos e mais planos voltados a soluções pontuais proliferam em guichês e secretarias municipais, como se a simples redação de seu texto tivesse o poder de garantir os resultados e benefícios planejados. Se por um lado sua existência apresenta um esforço dos agentes públicos para alinhar-se ao cumprimento das metas da Agenda 2030, por outro, a descarbonização urbana enfrenta um hiato gritante entre a intenção e a ação. A inércia das autoridades, a visão limitada do problema e a busca desenfreada por lucros imediatos por alguns setores criam um cenário caótico, onde a efetividade das políticas e ações urbanas se perdem em meio à burocracia e à falta de compromisso, dificultando respostas rápidas e eficazes às mudanças socioambientais. A falta de coordenação entre diferentes órgãos, com conflitos de interesse e duplicação de esforços, gera atrasos, desperdício de recursos e desigualdade na distribuição de investimentos. É urgente a adoção de uma abordagem integrada e colaborativa, envolvendo todas as partes interessadas, para garantir a preservação da biodiversidade urbana.

É neste contexto que o Índice de Biodiversidade de Cingapura (SI) surge como uma ferramenta complexa que, ao abranger 28 categorias de análise, pode, por meio da mensuração e monitoramento, não apenas fornecer uma visão abrangente do estado da biodiversidade, mas também, colaborar na formulação de planos e políticas urbanas eficazes, servindo como base sólida para decisões estratégicas e ações direcionadas por meio da coleta, análise e utilização de dados. Como medir e monitorar a eficácia do que vem sendo feito por governos para recuperar a biodiversidade urbana e melhorar a capacidade de uma cidade de resistir, se adaptar e se recuperar dos impactos ambientais provocados pelas mudanças climáticas? Desde a adaptação às mudanças climáticas até a resiliência urbana, passando pela gestão de recursos naturais e o controle de espécies invasoras, é necessário construir métricas e, principalmente, dados capazes de fornecer um panorama detalhado das estratégias e políticas implementadas para melhorar as condições ambientais e climáticas, com o objetivo de proteger a saúde e a vida dos cidadãos. Isso colaboraria para a construção de um futuro no qual surtos e epidemias de doenças geradas por insetos, por exemplo, sejam reduzidos significativamente.

Ao examinar questões como participação pública, educação ambiental e infraestrutura verde, o índice busca promover a colaboração entre entidades públicas, privadas e da sociedade civil, visando garantir um ambiente urbano mais sustentável e resiliente para as gerações futuras. Além das categorias de análise mencionadas anteriormente, o índice de biodiversidade urbana também aborda temas como a conservação de habitats naturais, a proteção de corredores ecológicos, a promoção da agricultura urbana, a preservação de áreas de recarga hídrica e a mitigação dos impactos da urbanização na fauna e flora nativas. Essas adições ampliam ainda mais a compreensão e a abordagem holística para lidar com os desafios da biodiversidade nas cidades, incentivando a implementação de políticas e práticas mais eficazes para a proteção do meio ambiente urbano. As cidades, apesar de ocuparem apenas 3% do território, concentram grande parte da população e do consumo, excedendo os limites do planeta. A reorganização do planejamento ambiental nas cidades com foco na recuperação da biodiversidade associado à adoção de métricas para a avaliação e monitoramento do impacto das estratégias adotadas por governos, sociedade e setor econômico, e sua eficácia frente às questões de resiliência urbana, são fundamentais para a garantia um futuro sustentável para todos.