O que é Desenho Universal?

Desde a década de 60, países como Japão, Suécia e EUA vem discutindo maneiras de reduzir as barreiras arquitetônicas enfrentadas por pessoas com deficiência. Hoje, quase meio século depois, as discussões concentram-se na concepção de produtos, meios de comunicação e ambientes que possam ser utilizados por todas as pessoas, qualquer que seja a idade, estatura ou capacidade, o maior tempo possível e sem a necessidade de adaptação ou auxílio.

O conceito livre de barreiras acabou evoluindo para o conceito de desenho universal, adotado inicialmente pelos EUA. Entende-se por universal em seu acesso todo o produto que torna possível a realização ou ainda prática das atividades e tarefas cotidianas de todo ser humano. Na verdade, o desenho universal busca a inclusão das pessoas nos diversos segmentos sociais que compõem as nossas vidas por meio da facilitação  de uso de produtos/meios/espaços consolidando assim, os pressupostos existentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos que vimos em nossa primeira aula.

Os conceitos de Desenho Universal são mundialmente adotados para qualquer programa de acessibilidade plena.

São eles:

1. Uso Igualitário e equiparável – equiparação nas possibilidades de uso.
São espaços, objetos e produtos que podem ser utilizados por pessoas com diferentes capacidades ou ainda por qualquer grupo de utilizadores. Seu design é comercializável para pessoas com habilidades diferenciadas.

torneira com alavanca para pessoa com deficiência

2. Adaptável – Uso Flexível.
Design de produtos que atendem pessoas com diferentes habilidades e diversas preferências, sendo adaptáveis a qualquer uso.

3. Óbvio – Uso Simples e Intuitivo.
O design do objeto/produto/espaço é facilmente compreendido por qualquer usuário independente de sua experiência, conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração.

4. Conhecido – Informação de Fácil Percepção.
O design comunica facilmente as informações necessárias para seu rápido entendimento e uso independente de suas capacidades intelectuais, cognitivas, sensoriais ou condições ambientais.

5. Seguro – Tolerante ao Erro.
O design do produto/objeto/espaço minimiza o risco e as consequências advindas de ações acidentais ou não intencionais.

6. Sem esforço – Baixo Esforço Físico.
Para ser usado eficientemente, com conforto e o mínimo de esforço e cansaço.

elevador de escada (http://www.surimex.com.br/)

7. Abrangente – Dimensão e Espaço para Aproximação, Interação e Uso.
O design oferece dimensões e espaços apropriados para a interação, o acesso, alcance, manipulação e uso, independentemente do tamanho do corpo (obesos, baixa/alta estatura, etc.), da postura ou mobilidade do usuário (pessoas em cadeira de rodas, com carrinhos de bebê, etc).

VilaDignidade (www.techné.com.br)

O Desenho universal  assume-se, assim, como instrumento privilegiado para a concretização da acessibilidade e, por extensão,de promoção da inclusão social.

Ao projetar, lembre-se:
– portas devem ter um vão livre maior ou igual a 0.80cm (caso contrário, uma pessoa em cadeira de rodas, não passa)
– uso de pisos antiderrapantes em especial nas áreas molhadas como banheiros, lavanderias, cozinhas e áreas de serviço. Varandas, também.
– tomadas precisam ser colocadas em pontos mais altos.
– as maçanetas devem ser de alavanca e as fechaduras, se possível, devem ser instaladas acima delas, para facilitar a sua visualização.
– As torneiras recomendadas são monocomando ou misturadores com dois volantes com 1/4 de volta.
– evitar uso de degraus substituindo por rampas com declividades corretas e corrimãos.
– sanitários adequados (linha Deca, Celite para acessibilidade)
– bancadas, mesas, pias, armários, gaveteiros em alturas adequadas.
– boa iluminação incluindo degraus de escadas.
– corredores e circulações largos
– móveis e demais objetos com cantos arredondados.

Alguns vídeos:

Projeto da Brastemp & Whirpool para uma cozinha eficiente e acessível

Dicas para uma cozinha acessível:

MobillityRules.com – Accessible Living: A Creative Ramp

TC sobre Inclusão e Acessibilidade


música: lanterna dos Afogados do Paralamas  http://blip.fm/~kauf3

Recomendações para leitura:

Baixe o Livro Desenho Universal – Um conceito para todos de Mara Gabrilli
Sugestão de Leitura: Cambiaghi, Silvana. Desenho Universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2007.
Links interessantes: http://desenhouniversal.com
Palestra sobre Acessibilidade em Projetos de Interiores 
Revista Techné e os 7 princípios

Ser diferente é normal! (turma DU1)

Viver é, acima de tudo, con-viver.
Aquele que pensa que consegue viver sozinho, está muito, muito enganado.
Aristóteles já dizia há 2.500 anos que “somos seres sociais, animais políticos” pois dividimos nossas vidas uns com os outros em grupos humanos, com pessoas iguais a nós.
Em maior ou menor grau, gostamos de nos encontrar com os outros, compartilhando desejos, pensamentos, nossas vidas. Aquele que não compartilha suas experiências seja por que motivo for, pode ser considerado um marginalizado ou um “excluído social”, para utilizar um termo um pouco mais contemporâneo.
Esse isolamento pode ou não ser voluntário. Se voluntário, poderemos até nos isolar de vez em quando, mas sempre estaremos inseridos em comunidades e grupos sociais.

Mas, e quando o isolmaneto não é voluntário? e quando queremos participar e somos impedidos de alguma maneira? e se o motivo for a diferença? e se não formos iguais aos outros?

É possível que a diferença provoque algum tipo de exclusão social?

A convivência com outras pessoas pode gerar conflitos de vontades, desejos e de interesses. Numa situação como essa, normalmente quem vence o impasse é aquele que está melhor aparelhado por assim dizer. Pode ser o mais forte, o mais inteligente, o mais bonito ou numa expressão contemporânea, o “cara mais popular” da turma, grupo, etc.

Portanto, é como se um grupo maior de “iguais” com interesses semelhantes pudesse impor a sua vontade, atitudes, desejos sobre um outro grupo que ele considera diferente do seu.

Essa diferença pode gerar intolerância e com ela, a segregação ou a exclusão do grupo ou do indivíduo por exemplo. A intolerância pode ser descrita como a falta de capacidade de um indivíduo/grupo de suportar, admitir ou ainda consentir a con-vivência com o outro diferente. Ela é fruto de concepções e definições generalistas, de informações imprecisas e incompletas sobre objetos, situações e pessoas. Gera não só atitudes hostis em relação ao outro, dificultando e até inviabilizando a con-vivência, como também estigmatiza um determinado grupo social.

Para alimentar as discussões em aula, assistiremos um conjunto de vinhetas criadas pelo instituo MetaSocial que trata questões vinculadas à diferença e à pessoa deficiente. Na próxima aula falaremos sobre a deficiencia, contextualizando-a no século  XXI.

Relação de vídeos para discussão em sala de aulaEm 2002, foi lançada nova campanha pelo Instituto MetaSocial, desta vez pela agência Giovanni+draftFCB com criação de Cláudio Gatão.
Voltada para o mercado de trabalho, a campanha teve grande impacto positivo na sociedade, resultando na contratação de pessoas com deficiência por empresas que abraçaram a causa.
Ser diferente é normal.
Fonte: http://www.metasocial.org.br

Instituto MetaSocial – Diferenças

Instituto MetaSocial – Garçonete

Instituto MetaSocial – adolescentes

Instituto MetaSocial – Azul


Em 2005, o Instituto fez outra campanha com o mesmo slogan “Ser diferente é normal”, focando a beleza e a harmonia da diversidade humana, sempre com o objetivo de conscientizar a sociedade para as potencialidades e capacidades de todas as pessoas.

Instituto MetaSocial – Carlinhos

Instituto MetaSocial – Pianista


Em 2005, o Instituto fez outra campanha com o mesmo slogan “Ser diferente é normal”, focando a beleza e a harmonia da diversidade humana, sempre com o objetivo de conscientizar a sociedade para as potencialidades e capacidades de todas as pessoas.

A Menina Diferente

Campanha do Meta Social: seja diferente

Junte seu rosto a todos os que, além de acreditar, estão tomando atitudes para mudar a cara do mundo. Veja como participar: assista ao vídeo e depois acesse: http://www.serdiferenteenormal.org.br/pt/

Ao longo de nossa vida mudamos nossas características e atividades. Quando somos crianças, nossas próprias dimensões nos impedem de alcançar ou manipular uma série de objetos, às vezes, por segurança, às vezes, porque a criança não foi pensada como usuário. Quando adultos, nos encontramos em inúmeras situações que dificultam, temporariamente, o nosso relacionamento com o ambiente -como gestação, fraturas, torcicolos, quando carregamos pacotes muito grandes ou pesados, entre outros. Ao alcançarmos mais idade, nossa força e resistência decrescem, os sentidos ficam menos aguçados e a memória decai. Também é possível, mesmo que não freqüentemente, ao logo da vida, adquirir alguma deficiência, seja ela física, psíquica ou sensorial. O ser humano “normal” é precisamente o ser humano “diverso”, e é isso que nos enriquece enquanto espécie. Portanto, a normalidade é que os usuários sejam muito diferentes e que dêem usos distintos aos previstos em projetos…” Mara Gabrilli

Leitura recomendada

O que é desenho universal?

 

Distribuição da população deficiente em São Paulo (por área de ponderação)

Esse post apresenta quatro trabalhos de pesquisa em iniciação científica elaborados pelo então aluno do curso de aqruitetura e urbanismo Rodrigo Costa. O primeiro deles trata da deficiência Visual e foi orientado pelo Prof. Dr. Manoel Lemes. Apesar de aparentemente antigo, o material sempre me foi muito caro, pois mostrava a forma como a distribuição das deficiência se dá por áreas bem menores do que aquelas que estamos acostumados a ver (distritos por exemplo). O Prof. Manoel sempre repetia aos seus alunos à exaustão: o território FALA! O problema é que eu escutava também… brincadeiras à parte, o território fala sim. Conhecê-lo então é obrigação de urbanista.

Como desenvolver planejamento se os gestores tratam o território por igual? Desde quando, levantamentos por distritos não escondem realidades díspares próximas umas das outras?

O trabalho do Rodrigo, orientado eplo Prof. Manoel, mostra por exemplo que  a distribuição dos DVs em São Paulo concentra-se nas regiões periféricas. Ela é portanto desigual. Se cruzarmos dados referentes à idade, distribuição de equipamentos públicos em saúde, dados sobre violência, poderemos chegar a conclusões alarmantes (muitas das deficiências são adquiridas e poderiam ser evitadas) mas que podem servir como diretrizes para políticas públicas mais próximas da realidade em que vive o cidadão.

Intitulado Progeto BDGESP – Banco de dados Georreferenciados de São Paulo,  a pesquisa apresenta a distribuição da população Deficiente Visual no município de São Paulo a partir dos dados do IBGE 2000 por área de ponderação.

Os outros três trabalhos – deficiência auditiva, deficiência mental e deficiência motora foram excepcionalmente orientados por mim utilizando o mesmo critério de desagregação de dados.

O IBGE Define Área de Ponderação como sendo a menor unidade geográfica para divulgação dos resultados da amostra do Censo Demográfico 2000, formada por um agrupamento de setores censitários.

Deficiência Visual
BDGESP: Deficiência Visual

Superfície geoestatística das pessoas incapazes, com grande e com alguma dificuldade para enxergar

Deficiência Motora
Deficiência Motora

superfície geoestatística das pessoas com paralisita total permanente

Deficiência Mental
Deficiência Mental

superfície geoestatística de pessoas com deficiência mental

Deficiência Auditiva
Deficiência Auditiva

distribuição dos deficientes auditivos

Pelos Passeios de São Paulo

Pelos passeios de São Paulo: iniciação científica FIAMFAAM
Pelos passeios de São Paulo: região da Luz, São Paulo, capital

 Estação da Luz: acessibilidade das calçadas

Achei oportuno publicar o trabalho de iniciação científica das alunas Jakeline Silva e Roseli Castro do Centro Universitário FIAMFAAM.
Pelos passeios de São Paulo (título bastante sugestivo) descreve a realidade de milhões de pessoas que precisam andar pelos logradouros públicos das cidades brasileiras, avaliando as condições de mobilidade e acesso de um dos principais pólos culturais de São Paulo: a região da Luz. Localizada em área central, o local vem passando por processo de revitalização com o intuito de acolher uma população interessada em contemplar pontos de interesse arquitetônico, histórico e cultural da cidade. O trabalho conclui que a simples identificação de situações que inviabilizam ou dificultam a circulação de pessoas com necessidades especiais (barreiras arquitetônicas) não é suficiente para viabilizar um passeio agradável pelo local com propósito cultural. Daí surgiu a idéias de se avaliar não apenas as condições de acessibilidade, como também a viabilidade de se realizar um “Roteiro Cultural” de um dia nas mesmas condições, tempo e qualidade de circulação dos demais cidadãos.
Os resultados do trabalho foram positivos e esclarecedores, pois avançam na questão da inclusão: a lei já impõe normas que viabilizam a acessibilidade. Está na hora de discutirmos a qualidade dos espaços criados.
Parabéns meninas! Foi bom orientá-las!

Desenho Universal: os cursos de arquitetura estão preparando os futuros profissionais para projetar espaços adequados à acessibilidade universal?

Queridíssimos,
gostaria de dar início a mais um Fórum de Discussões. O tema é difícil, polêmico mas absolutamente necessário. Até que ponto pensamos nas necessidades especiais presentes na vida de mais de 24 milhões de brasileiros?
Quando projetamos, estamos preparados para elaborar projetos para pessoas com mobilidade reduzida, deficientes visuais, deficientes auditivos ou com déficit intelectual?
Semana passada precisei utilizar uma cadeira de rodas. Apesar de lecionar uma disciplina na área (Acessibilidade Universal) e conhecer as agruras impostas aos cadeirantes, nunca me senti tão só e tão frustrada. Rampas que começam com degrau de um centímetro, corredores estreitos, portas onde cadeiras não passam além da “cara feia” de um sem número de pessoas horrorosas que se esquecem que um dia envelhecerão também. Lembrem-se: a participação pode valer pontos como Atividade Complementar.

Lançada a questão:
os cursos de arquitetura estão preparando os futuros profissionais para projetar espaços adequados à  acessibilidade universal?

Helena Degreas

vídeos bacanas:
ser diferente é normal 1
ser diferente é normal 2
link importante para pesquisa:
www.desenhouniversal.com

Mapa Tátil Urbano
Mapa Tátil Urbano realizado pelo CAUFIAMFAAM para Fundação Dorina Nowill 2009