SP Cultura no Metrô pretende “agitar” a vida do usuário de suas linhas: como assim???

 

Estava lendo a Coluna do Fraga sobre a inclusão de música ambiente no metrô de São Paulo e juro que não acreditei. Indignação e fúria foram os sentimentos presentes ao longo da leitura.

Partindo do princípio de que eu, usuária pagante do metrô, tenho uma vida prá lá de tranquila e pacata, a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo lança o Projeto SP Cultura no Metrô com o objetivo de “agitar o cotidiano da cidade mais populosa do Brasil”.

Inspirado nas invasões clandestinas de cantores-pedintes, dançarinos e músicos de qualidade questionável que infernizam nossas vidas nos ônibus, trens de metrô e ferrovias, o projeto prevê duas linhas de atuação até dezembro de 2018: Músicos de Rua e Arte Cultura nas Estações. Este último ampliou seu escopo e incluiu àquelas exposições culturais interessantíssimas, apresentações de teatro, música e dança. Futebol Cabeça e Momentos de Gratidão são algumas das atrações que você, leitor, pode conferir aqui no link da Programação Cultural do Metrô. Estas últimas ainda não vi, portanto não vou emitir minha opinião. Depois vocês me contam.

Até compreendo a necessidade de criar distrações em horários de pico para impedir que todos decidam ir para casa ao mesmo tempo impedindo a superlotação que é rotineira. Só quem usa as estações Sé, Anhangabaú, Paraíso e Consolação (entre outras), sabe o inferno que é ser levado por uma massa humana para dentro do vagão. Além da falta de espaço, temos o barulho provocado pelo volume de pessoas, dos trens e a reverberação em algumas estações: num espaço cuja acústica não está preparada para a incorporação de mais barulho do que aquele vivenciado diariamente pelo usuário, não dá, não pode. É desumano. É agitar demais a minha tão atormentada vida. Imagino que as estações das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha do Metrô tenham espaços ociosos em horário de pico para poder incorporar toda essa atividade cultural.

Para quem quiser participar, fica aqui o link do Edital de Chamamento público 01/2018. Excelente oportunidade para aqueles que precisam de uma renda extra. Em tempos bicudos…

E mais: você não precisa ser músico profissional, tem pagamento de cachê simbólico e até duas gravações em estúdios de som das Fábricas de Cultura.

#dicadodia: perguntem aos usuários das linhas superlotadas o que pensam disso. Afinal, é dinheiro do contribuinte que sustenta a existência e funcionamento do metrô quer na forma de bilhete único, quer na forma de impostos diretos e indiretos.